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sobre um panda bebê e confinamento

  • Foto do escritor: melody erlea
    melody erlea
  • 11 de set. de 2020
  • 2 min de leitura

houve uma época da minha vida em que, soubesse eu que há um novo bebê panda num zoológico, teria acompanhado diariamente as novidades de seu desenvolvimento.


mas é 2020, quarentena, e tá difícil sair da inércia. lembro de ler as manchetes do nascimento do panda mas não me interessei o suficiente nem pra clicar nos links e ler a matéria completa.


é 2020: nem um bebê panda consegue me tirar da apatia na qual me enterrei.


mas uns dias atrás decidi que já havia passado tempo demais: eu precisava ver o panda bebê. procurei o perfil do @smithsonianzoo e cliquei nos vídeos da mamãe panda com seu neném. assisti a vários - a mãe é gigante (afinal ela é um panda gigante) e o bebê parece um caroço de azeitona, pequeno e pelado.


faz umas duas semanas que vi os dois, e não consigo parar de pensar naquela mãe-panda e seu neném.


os vídeos são tristes de assistir, porque eles só conseguem filmar quando ela está dentro do seu cercado fechado, que é pequeno e cinza. não acho que ela se importa, toda sua atenção tá no pandinha pelado, que ela abraça, esconde, pega, lambe. um negocinho tão pequeno, como que ela não perde, não senta em cima, não engole sem querer. imagina quão triste seria se ela acidentalmente esmagasse seu filhote. imagina a culpa.


não paro de pensar nesse pandinha, nesse neném. ele vai passar a vida inteira dele nesse zoológico. e eu tô feliz pelo nascimento dele mas ao mesmo tempo tão inexplicavelmente triste de saber que ele tá agora no mesmo lugar em que estará o resto da vida.


aí eu fico assistindo a mãe panda cuidar de seu baby panda, tão bem, com tanto cuidado. igual minha mãe. não é louco como a maternidade é sempre tão parecida e mágica, não importa pra que bicho olhemos?


só a mamãe panda e o bebê panda, só eles dois, sozinhos, todo dia, naquele espacinho fechado e cinzento. ela tão feliz e eu tão.... assim.


eu vejo esse pandinha e me dá uma tristeza, um sentimento difícil de explicar; se até um panda bebê me deixa triste é porque o negócio tá feio, né.


mas isso é a quarentena. eu tô confinada igual àquele pandinha, mas não sou um panda-neném sendo cuidado nem uma panda-mãe focada, eu sou só uma pessoa na quarentena.

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