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sobre fiona apple e o tal do slow blogging

  • Foto do escritor: melody erlea
    melody erlea
  • 6 de mar. de 2019
  • 2 min de leitura


esses dias meu instagram foi tomado por posts falando sobre "slow blogging". dezenas de meninas cujas fotinhos de avatar simplesmente nunca desaparecem da minha fila de stories estavam falando sobre a importância do postar no seu tempo apenas sobre o que você acha realmente importante. que mais do que postar bastante para lidar com algoritmos, é bom postar com qualidade, mesmo que com mais espaço entre um post e outro.


acho lindo, acho mesmo, inclusive sou adepta (a última vez que postei no instagram foi há 15 dias e antes disso estava com uma frequência de duas ou três vezes por semana - e os stories quase abandonados, coitados), mas acho muito louco como esses conceitos são maravilhosos pra render post no instagram mas muito difíceis de serem colocados em prática. quem produz conteúdo, mesmo que pra seu blog pessoal, não quer ser esquecido. é a lei lady gaga da popularidade - sempre tem que ter coisa nova e inovadora, senão a gente perde nosso lugar.


eu gosto de um approach mais fiona apple pra lidar com essa questão: ao invés de postar sobre slow blogging, simplesmente não postei nada por 15 dias. e quando digo que esse é o approach fiona apple pra questão, eu não tô brincando: o último disco da mulher foi há 7 anos, e antes disso houve um hiato de 6 anos entre discos. e não é porque entre os álbuns ela se promove de outras maneiras, com filmes, com propaganda, com polêmica no twitter. fiona apple é uma slow-celebrity - quando ela some, ela some de vez.


não deixa de ser um privilégio - o de poder produzir e vender sua arte em períodos tão espaçados e seguir sobrevivendo e pagando as contas no entremeio - mas é um privilégio que a maioria dos grandes artistas possui. a produção constante pra comercialização é uma exigência de quem quer lucrar e fazer crescer uma marca pessoal. fiona apple produz discos pra registrar seu crescimento como ser humano, sofrimentos, mudanças de paradigma e experiências de vida. ela não lança discos pra que a gente compre, ela lança discos porque precisa expressar algo. que a gente compre é o bônus de ser foda.


o revés pra nós que compramos é que nunca sabemos se haverá, algum dia, discos novos de fiona. a gente fica aqui, esperando por anos ela cumprir uma promessa que na verdade nunca fez, e isso é lidar com ser fã de uma slow-celebrity. a lady gaga a gente sabe que sempre vai aparecer com uma novidade, seja um disco de jazz ou um oscar ou um documentário sobre sua vida ou qualquer coisa que possa ser comentada mesmo quando não houver música nova.


já a fiona nos presenteia com silêncio. que, honestamente, é exatamente o que a gente tá precisando.

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