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semeando melzinhas

  • Foto do escritor: melody erlea
    melody erlea
  • 9 de jul. de 2020
  • 1 min de leitura



desde que o jared leto começou a aparecer num pop-up na minha cabeça, tô tentando entender: por que essas cabeças fora do lugar estão me fascinando tanto? no fim das contas, segurar a cabeça no lugar em meio a tudo que tá acontecendo virou mais do que figurativo - a gente tá perdendo a cabeça, sim, nossas cabeças estão rolando, algumas cabeças rolam mais do que outras.... impossível não mencionar a violência diária à qual algumas pessoas estão, definitivamente, mais sujeitas que outras. acho que é pouco simplesmente escrever #blacklivesmatter, mas seria muito mais significativo se eu simplesmente não dissesse nada.


em 1987 tunga fez a performance "semeando sereias" - em que ele descrevia estar caminhando pela costa e, de repente, encontrar uma cabeça boiando. a cabeça era a dele, com longuíssimos cabelos que haviam crescido indiscriminadamente. ele colhe a cabeça, a gira pelos cabeços e a taca longe, de volta ao mar, toma, iemanjá, você que se vire com essa cabeça doida.


essa ideia me parece tão frutífera: devolver minha cabeça pra natureza, enterrá-la, e quem sabe a natureza não retribua com uma nova eu, melhor, com uma mente que funcione com mais clareza e que não esteja dentro de uma cabeça que eu tenho vontade de tacar pra longe.


nesse caso a performance se chamaria "semeando melzinhas".

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