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p a e t ê

  • Foto do escritor: melody erlea
    melody erlea
  • 20 de fev. de 2020
  • 1 min de leitura

eu adoraria ser do carnaval, juro. todo aquele brilho e felicidade por alguns dias, pra gente ao mesmo tempo reivindicar nosso direito de ser feliz, ocupar as ruas com pessoas (não carros) e se permitir esquecer um pouco o estado todo das coisas dentro e fora das nossas próprias cabeças.


eu queria muitíssimo me embrulhar em glitter e paetê e fazer parecer que minha alma também é assim brilhosa e feliz, mas aí eu me pego perguntando, gente??? e depois do carnaval, quando a gente tiver que comer todo esse glitter e esse paetê, que vai desgrudando dos corpos e das roupas e sendo levado pela multidão?


gente, e os veganos, não perdem a alegria, não? ao saber que não importam seus esforços, a gente vai todo mundo morrer de envenenamento por micro plástico de carnaval? vai ter glitter na nossa água pra sempre, vai ter glitter na terra no mar e no estômago dos passarinhos.


e eu até podia ser otimista e dizer que para sempre beberemos a vibe e a energia do carnaval, mas gente???? se eu for morrer de algo causado pela tecnologia humana,  que seja algo que eu mesma escolhi: câncer de wifi. não quero envenenamento por paetê, por mais glamouroso e poético que pareça, o país do carnaval afogado em glitter.


e tá que carnaval é legal e feliz e alegre e cheio de pegação, mas cês já viram a sujeira que fica depois?


zizuis me livre de todo o tempo que eu fico pensando nos horrores de festejar, ao invés de simplesmente me deixar festejar, tem mais gente assim por aí ou tô sozinha nessa ansiedade carnavalesca apocalíptica?

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