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O homem que vestiu a contracultura

  • Foto do escritor: melody erlea
    melody erlea
  • 5 de mai. de 2023
  • 2 min de leitura

[texto publicado originalmente na freshpeople]



Roger K. Burton garimpava, colecionava, alugava e vendia roupas vintage e antiguidades desde a década de 1960 quando, em 1978, o produtor de um filme parou em sua barraca na feira da Portobello Road, em Londres, pedindo por ternos para um filme de mod revival. O filme era Quadrophenia, do The Who, para o qual Burton forneceu todo o figurino.


Burton já era conhecido em Londres por seu acervo vintage, mas foi a partir desse momento que ele se tornou o figurinista de décadas e décadas de contracultura. Desde os anos 60, com o movimento Mod, Burton se estabeleceu como conhecedor das diferentes modas das cenas alternativas, dos teddy boys ao punk - e seu acervo de milhares de itens é o único no mundo dedicado apenas à moda de subculturas.


Foi Roger K. que, em 1979, redesenhou e redecorou a World’s End, loja de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren - de quem havia ficado próximo no início dos anos 70, quando vendia roupas vintage numa van na King’s Road, onde a World’s End segue localizada até hoje.



No portfólio, Burton tem momentos ímpares da cultura pop e da cultura alternativa: o terno listrado que Terry Hall, vocalista dos Specials, usa no clipe de "Ghost Town", de 1981, foi tão amado que Hall o repetiu no programa Top of the Pops, e Ray Davies, vocalista do Kinks, também o usou no clipe de "Come Dancing", em 83. Esse terno é seu item mais precioso, “a peça que ele salvaria de um incêndio”, afirmou em entrevista para o Financial Times.


Com David Bowie, foi perseguido por uma multidão de fãs enquanto faziam compras para um dos projetos em que Burton fez o styling para o cantor. Vestiu Debbie Harry, George Harrison, teve uma jaqueta de couro sequestrada por Keith Richards (que a usou numa turnê e depois se recusou a devolver), e uma camisa sua dos anos 50 tem até hoje as marcas de sangue e o rasgo de uma tesourada inadvertida de Sid Vicious.


Dos anos 60 aos 80, do mod ao punk, Roger K. Burton entendeu e vestiu a juventude alternativa, e segue sendo o guardião de todas essas estéticas.

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