matilda
- melody erlea
- 18 de ago. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de mar.
[uma foto velha pra ilustrar um acontecimento novo]

eu e matilda fazemos o mesmo caminho toda manhã: saímos do meu prédio à direita, passamos pelo posto de gasolina onde todos a conhecem e seguimos pro estacionamento do extra que ela curte porque é espaçoso, dá pra correr e tem um monte de lixo espalhado pra ela comer e eu limpar o vômito do tapete depois, é ótimo.
os desvios que ela dá são raros e, quando acontecem, vapt vupt, cheirar o misterioso um pouquinho e aí voltar pra zona de conforto (parece até eu). hoje parece que ela sentiu que eu precisava de um caminho novo. desceu a rua à esquerda ao sair do portão. descemos a rua todiiiiinha sem posto sem estacionamento, só curtindo as descobertas do asfalto e da calçada. tem uma flores roxas nascendo no chão grudadinhas no muro que vai do meu prédio atéééé lá embaixo, tão bonitinhas, e eu pensei poxa pena que nunca trago celular nos passeios com a matilda, podia registrar essas florzinhas.
aí lembrei de uma época que eu tinha blog exatamente pra isso: registrar meu dia-a-dia, passeios com cão, amores breves de metrô, baladas, dates, crises existenciais... quando a gente não tinha uma câmera fotográfica o tempo todo no bolso, sabe?
seguimos descendo a rua e ficamos numa pracinha levemente abandonada que ficava ao lado do ~córrego água podre~, isso não é uma brinks, era o nome oficial com placa de prefeitura e tudo. autoestima desse bairro tá, ó, na lua.
matilda curtiu, cheirou todos os cantos da pracinha, se aventurou nas beiradas do barranco onde a praça acabava e eu fiquei feliz de estar em silêncio, longe dos carros, me senti quase como nos passeios com ela que eu dava quando morava em cotia (vide foto)
olhei pra cã e ela tava deitada no chão arregaçada coçando as costas, com a língua pra fora, felizona. um cão sendo feliz enquanto um humano refletia sobre a vida, quase um clichê de filme. aí eu cheguei perto e ela não tava se coçando, tava se esfregando numa nojeira. se esfregando em um cocôzão.
de gente.
com todo o papel higiênico usado e cagado espalhado em volta.
a beleza e perfeição da natureza em todo seu esplendor, um cão se banhando em bosta humana. ¯\_(ツ)_/¯
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