goth: a subcultura morta-viva
- melody erlea
- 3 de nov. de 2024
- 2 min de leitura

eu nem sei como esbarrei no livro goth: undead subculture, organizado por michael bibby e lauren goodlad, mas tem sido uma viagem de leitura!
goth reúne vários ensaios sobre os mais diversos aspectos da subcultura gótica, de maquiagem a literatura, passando por música, cinema, moda, consumo, e questões de classe social, raça e gênero. eu estou lendo aos poucos e ainda não terminei, intercalo 2 ou 3 ensaios com algum outro livro de ficção (o último foi the dispossessed, da ursula k le guin).
até agora, entre os que mais gostei, estão dois textos sobre cinema - um sobre o filme o corvo, de 1994, suas simbologias intencionais e a simbologia incidental que se criou a partir da morte de brandon lee. o outro, um ensaio magnífico, era sobre clube da luta, os temas homoeróticos do livro e do filme, e seu papel na criação de uma nova estética gótica mainstream nos anos 90.
a questão do homoerotismo, do queer, do homem hétero abraçando o feminino, do uso de ferramentas estéticas femininas como maquiagem e a produtos de cabelo pro homens dentro da subcultura gótica aparece em vários ensaios - o gótico é o espaço onde o masculino pode ser deixado de lado sem julgamento.
é nessa pegada do homem feminilizado que um dos ensaios discorre sobre a montação de david bowie nos anos 70 e como o glam abriu as portas para uma possibilidade de expressão estética andrógina essencial para os góticos.

além disso há muitos textos sobre estilo - vários deles sobre comunidades góticas nos anos 80, 90 (e até hoje em dia) em cidades minúsculas norte-americanas, cidades industriais meio desoladas, cidades que em décadas passadas sofriam de altas taxas de desemprego e cuja população vivia, no geral, num estado de depressão, sem esperança no futuro. é nesses lugares que a subcultura se prolifera com mais sucesso, criando pólos culturais góticos - discotecas, lojas alternativas de roupa, música e livros, points de encontro em lugares como shoppings e estacionamentos, além dos estereotipados cemitérios.

ainda não tô nem na metade do livro, mas tô curtindo tanto que já quis vir compartilhar algumas das minhas impressões! el é ótimo pra entender melhor essa subcultura que se tornou tão estereotipada, e como ela se intersecciona de maneira complexa com questões sociais, econômicas e políticas.
sem contar que tem várias menções a vampiros na cultura pop, de bram stoker a anne rice a buffy, então na pior das hipóteses vampiros são sempre massa.

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