divagações sobre roupas e quarentena
- melody erlea
- 5 de mar. de 2020
- 2 min de leitura
eu gosto de roupa, do vestir e de tudo que ele pode expressar desde que sou criança, mas durante boa parte da minha juventude eu substituí o gostar de roupa por gostar de comprar.
no fim da minha adolescência e começo da vida adulta passei a acreditar que a minha existência era uma competição - eu precisava ser tão linda, estilosa e confiante quanto outras mulheres, e essa era uma tarefa quase impossível. a comparação nunca é o melhor parâmetro pra que tomemos nossas frentes na vida, né?
acontecia que eu amava o prazer da compra, do experimentar a roupa na loja, do imaginar as possibilidades de um look novo, porque aquele momento me dava uma breve - mas poderosa - sensação de sucesso. mas depois da compra, o me arrumar, o me vestir, o me expressar através da minha vestimenta... pohan, tava me deixando ansiosa, estressada, triste até.
um monte de roupa que eu comprava com uma frequência questionável, que eu não tinha tempo de usar, que lotava meu armário e fazia minhas decisões mais difíceis, que era adquirida no impulso... elas não me deixavam mais feliz, me setindo mais gata ou mais estilosa. elas pareciam ressaltar toda a falta das coisas que eu via em outras mulheres.
então eu fiz uma rehab, fiquei um ano sem comprar supérfluos, limpei o guarda-roupa, usei todas as minhas peças pra entender o que eu realmente gostava ou não, parei de comprar roupas de fast fashion e qualquer outra loja que não fosse de segunda mão e, hoje em dia, amo muito mais o vestir do que o comprar.
e, pohan, agora na quarentena eu senti isso ainda mais!
que saudade que eu tô de poder pensar num visu pra dar um rolê, seja ele qual for! que saudade de arranjar motivo pra sair só pra poder mergulhar no meu closet antes e escolher as camadas certas de tecido pra enfeitar meu corpo. que saudade de sair com a roupa combinando com o crush. que saudade de ir prum rolê com gente estilosa e ficar admirando os looks. pôôôôô que saudade de me vestir pra ver e ser vista.
né? (nem vem me sugerir pra me montar em casa, posso até acatar a ideia num dia de desespero, mas não é a mesma coisa: o vestir é uma performance, só se valida se tem alguém pra assistir)
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