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antes da doc martens: george cox, o 1o sapato da juventude alternativa inglesa!

  • Foto do escritor: melody erlea
    melody erlea
  • 5 de set. de 2022
  • 3 min de leitura

a gente tá acostumado a conectar o coturno, popularizado pela marca doc martens, como símbolo de um estilo agressivo associado a contraculturas como punk e skinhead. e, sim, as botas militares eram - e são - muito queridas, principalmente a partir dos anos 80, mas os ícones punk, aquelas pessoas que viraram representação fashion da cena... começa a reparar que eles nem sempre tão de coturno, e bem frequentemente tão de sapatos george cox.


a marca george cox foi fundada em 1906 e, em 1949, criou um novo modelo de sapatos, inspirado no que seus ~olheiros~ tinham visto nos jovens alternativos de paris, que usavam roupas que remetiam aos dandis e sapatos de camurça e sola grossa. a versão inglesa ficou rapidamente popular entre os teddy boys, a juventude alternativa britânica que ouvia rockabilly e se vestia inspirada nos homens eduardianos. apelidados de brothel creepers (rastejadores de bordel, por causa de seu solado silencioso), o sapato george cox virou febre entre os jovens proletários de diversas subculturas, até os dias de hoje.



o sapato, durante a década de 50 e 60, só podia ser comprado na holts, loja de sapatos que existe desde 1851 e que hoje segue na mesma locação, sob o nome british boot company. a loja tinha licença para vender doc martens e george cox, e virou point dos teddy boys, rockers, mods, e, quando chegou a década de 70, punks, skinheads e rude boys.



foi nessa época que malcom mclaren, o startupeiro do punk, comprou seus pares. ele diz que seu par de creepers george cox foi a compra mais importante que fez, e que vestir aqueles sapatos era um ato simbólico. mclaren era o parceiro de vivienne westwood, professora com quem tinha uma loja alternativa que chamou let it rock, depois sex. diz a lenda que ele bateu na porta da fábrica pra encomendar creepers e vender em sua loja, passando a competir com a holts.



foi indo comprar creepers da george cox que um desavisado johnny rotten entrou na loja - pra encontrar malcom mclaren que o convidou pra ser vocalista da nova banda punk que ele tava formando e agenciando, os sex pistols. que os sex pistols são os backstreet boys do punk a gente já sabia, mas cê imaginava que o vocalista só conseguiu o trampo porque gostava dos mesmos sapatos do empresário da banda? [não à toa mclaren colocou creepers nos pés de todos os meninos do sex pistols - assim ele deixava a banda com a carinha que ele queria e, ao mesmo tempo, fazia publi dos sapatos que ele mesmo vendia em sua loja kkkk pensa numa mastermind do underground]



quem amava os sapatos de paixão era joe strummer, meu crush eterno. ele tinha um creepers brancos que usou muito, ao longo de anos - é até difícil saber se ele usou o mesmo par a vida


dos anos 70 pra frente os creepers viraram uma peça statement das culturas underground, do punk ao new wave, o pós punk e o emo, cruzando diversos movimentos musicais, culturais e políticos das juventudes trabalhadoras. ainda que, como tantos outros símbolos do vestuário de subculturas, hoje os creepers sejam reproduzidos, vendidos e usados por todo tipo de pessoa, eles seguem sendo um sapato que carrega uma mensagem e história, de uma época em que estilos de grupos de contracultura tinham significados próprios, em que certos itens, roupas e acessórios te faziam ser imediatamente identificado como parte de um grupo com gostos, estilos musicais e comportamento específicos.

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